Finalizado - Uma memória distante

Bom, o plano havia falhado, mas ainda estava vivo, não? Um dos meliantes vinha afrente, provavelmente irritado por ter sido enganado, duas vezes. Estava pronto para receber seu golpe com uma defesa com a arma, olhando atenciosamente para onde este iria golpear para se colocar em defesa e apenas reagir, pois quando as armas colidissem, tentava por o peso do corpo contra este e o desequilibrar para abrir sua guarda e tentar golpeá-lo de baixo para cima de forma com que este penderia para trás ao ser acertado e ter seu corpo indo contra os outros dois que se distrairiam com o corpo do companheiro caindo por cima de si. Esse era o plano.

- Você sabe que só está nessa situação por continuar se segurando e tendo pena desses caras, acha mesmo que eles estão hesitando? Se entrega de uma vez... Ou vai acabar morrendo. Não havia mais como continuar daquela maneira, só havia problemas, e parecia que a cada um que morria, os outros pioravam, não conseguira desvendar tudo aquilo, mas se continuasse de um em um ia acabar... morto... Tsck. Abater os dois não vai ser uma tarefa fácil... E talvez não tenha uma outra oportunidade, um estava próximo o suficiente para conseguir um golpe, o outro se aproximava para tentar outro. Talvez fosse a chance que precisava, um golpe potente, certeiro, e precisava que fosse preciso pois não sabia se teria energia para mais um, ou se aguentaria mais um corte, a katana vinha, num rápido movimento para a esquerda procurava esquivar, firmando o pé dianteiro no chão para dar o apoio, recurvando o corpo para baixo e flexionando os joelhos, novamente concentrava energia através da lâmina, respirava compassado pressionando ambas as mãos firmemente o cabo da Naginata, colocava toda força de que era capaz naquele golpe, bradando. - Se tem que ser assim, que seja então, eu aceito! Vão para a luz... e PEREÇAM! - Com um movimento diagonal da direita para esquerda de cima para baixo, a proximidade dos dois fariam com quem ambos fossem acertados pelo golpe, torcendo para que fosse suficiente.

Havia sido morto? Estava morto? Não, se pensava aquilo e se perguntava algo claramente não estava morto, não sabia o que havia acontecido, pouco se lembrava, apenas de estar lutando e aí... Ali estava, num saculejo de sabe-se lá o que era, ouvia uma voz desconhecida, tentar abrir os olhos ou levantar era algo em vão, o corpo sentia-se pesado, a garganta estava seca, de maneira com que conseguia vociferar poucas palavras - On-de es... O-o que aco... To-dos es... Quem... - Criar frases era quase impossível.

Estar todo dolorido e ser colocado a força sentado numa carroça não era a forma mais comum de tratar alguém ferido, mas uma coisa ele falara que tinha de acatar, tentava abrir os olhos só para ser cegado pelo brilho da lua, mas mesmo com a visão turva que aos poucos ia recobrando detalhes, tentava olhar em volta para tentar situar a localização - O que houve? Quem seria você? Onde estou? - Dizia fracamente.

Era inquietante estar ali, e o homem não parecia ser do tipo que estava afim de responder perguntas. - Militar eu suponho... Vai me dizer que estou preso agora? - Falara, não soava como um deboche. - Pelo menos diga que a cidade está segura, matar aqueles criminosos e aquele bixo não foi fácil, espero que tenha sido até o último deles - Dizia enquanto discretamente olhava para seu corpo movendo as pernas e os braços lentamente para saber se não havia nada impossibilitando o movimento

Era um deboche? Difícil dizer. - Meu velho? - Questionava apesar de não ter dado muita atenção sobre, pois estava mais preocupado com o que tinha rolado, tanto que buscava cada parte do corpo em que tinha a certeza que tinha sido ferida, inclusive o local em que o sangue escorria. - Eu lhe poupo do resto das perguntas se me disser para onde está me levando

Esse lugar... Era para reconhecer? De novo, não estava muito preocupado com isso, eram tantas perguntas comprimidas na promessa. Tudo aquilo foi real? Seus pais, crescer no campo, ele mesmo, era tudo muito confuso para se questionar sobre, decidira apenas manter o deboche: - Mibu? Nunca ouvi falar. - Dizia sem muito adendo. Depois de um tempo assim que a carroça parava Zhao mesmo prometendo não fazendo mais perguntas dizia - Deixe-me adivinhar... Chegamos, e daqui para frente eu estou por conta própria

Se a intenção daquele homem encher o ar de dúvidas, certamente havia conseguido, estava com bem mais perguntas do que quanto tudo isso começou, das mais diversas do tipo, quem estava por trás de tudo isso? Por quê? O que queria? Por que tinha de ser uma peça desse tabuleiro? Será que sequer tinha escolha. Duvidava muito que tinha como voltar atrás, mas sabia que era muito maior do que aparentava. Pegava a Naginata e em seguida descia da carroça com um pouco de dificuldade, ainda sentia um pouco de dor apesar do corpo não aparentar marca alguma. - Nomura... Muitos nomes desconhecidos. Quem me quer trilhando esse rumo não quis dar muito detalhe, me pergunto se é de mim ou de mais alguém que ele esteja tentando manter segredo. - Dizia sem muito alarde enquanto jazia de seguir no caminho da pífia estrada de terra em sua frente, enquanto questionava quanto tempo levaria para ter respostas para todas as perguntas.

- Algums casas mas a pessoa que eu procuro é específica, por que eu tenho a estranha certeza de que vai ser justo a pessoa que mora na casa mais longe, tsck, seja lá quem me quer fazer passar por isso podia ter descomplicado tanto, não sei pra quê tanta importancia. - Murmurava enquanto andava em direção a casa escolhida, pensando no vexame que seria se chegasse perguntando por alguém que não morava ali. Nesse meio tempo também analisava bem as casas enquanto passava procurando detalhes que pudessem ser relevantes, se conseguiria ver pessoas e afins. Tempo até a casa, batia na porta esperando que o tal homem ali estivesse

- Eu não sei nada sobre esse lugar, não sei por que estou procurando alguém, nem sequer sei quem eu to procurando, ter um nome não diz nada! - Murmúrios de alguém que se sentia cansado era compreensivo, e ainda se perguntava se era um cansaço físico ou mental... Talvez os dois. Seria realmente viável buscar este homem neste momento? E se o buscasse só pela manhã? Sabe-lá se ele não é um fugitivo que teria de matar... Quando foi que aderira a ideia de matar com tanta naturalidade? Precisava seriamente de um teste de sanidade. Andava até o que parecia ser o o bar, olhando em volta procurando algum rosto menos "hostil" para iniciar um possível diálogo